Em Assembléia Geral Extraordinária realizada no último sábado, dia 18
de novembro de 2017, foi fundada no bairro de Eurico Salles, no Município da
Serra no Espírito Santo a Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas
Trovadores, de sigla ACLAPTCTC, antigo
Clube dos Trovadores Capixabas, CTC. A proposta apresentada pelo Presidente do
CTC, Clério José Borges foi apoiada por todos os presentes a exceção da
Associada Magnólia Pedrina Sylvestre, que se manifestou contra em face aos 38
anos de história do CTC fundado a 1º de Julho de 1980 e líder na realização de
eventos culturais no Estado do Espírito Santo.
Segundo o Escritor João Roberto Vasco Gonçalves, Secretário Geral do
CTC, o Clube dos Trovadores Capixabas não morreu, apenas galgou o Status de
Academia de Letras E Artes, tendo agora um quadro de 50 Cadeiras de Acadêmicos
Imortais com os seus respectivos Patronos, todos nascidos ou residentes no
Estado do Espírito Santo e um quadro indefinido de Acadêmicos Correspondentes,
nascidos ou residentes nos demais Estados da Federação e no Exterior.
O Clube dos Trovadores Capixabas, CTC é uma entidade cultural sem fins
lucrativos de divulgação da Trova e da Poesia em Geral. Foi fundado por Clério
José Borges, Trovador Capixaba, com base numa idéia do escritor Eno Theodoro
Wanke, a 1º de Julho de 1980, na cidade de Vila Velha, Estado do Espírito
Santo. Para comemorar o aniversário do CTC, foram organizados anualmente os
Seminários Nacionais da Trova, que aconteceram de 1981 ao ano 2000, sendo que
em 2001 foram iniciados os Congressos Brasileiros de Trovadores, que não
possuem uma regularidade anual e nem de local. Em 2001, o Congresso foi
realizado em Domingos Martins. Em 2003, em Nova Almeida, Serra, ES, mesmo local
onde foi realizado o III Congresso em 2005. Em 2006 o Congresso foi realizado
na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Em 2007 o evento foi realizado na Serra
Sede e em 2009 em Santa Teresa, ES. Em 2010 o Congresso foi realizado em Eurico
Salles, Carapina, Serra, ES, mesmo local do evento de 2011. O CTC hoje é uma
entidade atuante e possui sócios no Espírito Santo, no Brasil e no exterior.
São sócios Fundadores, Efetivos e Correspondentes.
O Clube dos Trovadores Capixabas, CTC é uma entidade cultural sem fins
lucrativos de divulgação da Trova e da Poesia em Geral. Foi fundado por Clério
José Borges, Trovador Capixaba, com base numa idéia do escritor Eno Theodoro
Wanke, a 1º de Julho de 1980, na cidade de Vila Velha, estado do Espírito
Santo. Para comemorar o aniversário do CTC, foram organizados anualmente os
SEMINÁRIOS NACIONAIS DA TROVA.
O CTC hoje é uma entidade atuante e possui mais de 1.500 sócios no
Espírito santo, no Brasil e no exterior. São sócios Fundadores, Efetivos e
Correspondentes.
O Movimento Trovista, que havia sido expressivo no Espírito Santo em
1967,1968, 1969 e 1970, voltou a ser reativado no Espírito Santo em 1980.
Clério José Borges era estudante
Universitário do Curso de Pedagogia na Universidade Federal do Estado do
Espírito Santo - UFES. Coube-lhe fazer um trabalho sobre Trovadorismo Medieval.
O Trabalho era em grupo e foi apresentado posteriormente por Clério em Sala de
Aula, na Universidade. Na mesma época Clério cursava Direito na UFES, mas
interrompera o Curso para cursar Pedagogia.
Para fazer seu trabalho, Clério recorreu a Biblioteca da Universidade
do Espírito Santo e topou, por acaso, com o livro "O Trovismo".
Resolveu consultá-lo e observando que Eno Teodoro Wanke havia omitido as
promoções da UBT de Vitória e Vila Velha, inclusive o Concurso de Trovas tema
Pelé, escreveu para o autor do livro ocasião em que pergunta-lhe como fazer
para renovar o Trovismo localmente. Wanke desculpou-se da omissão, pois, em
suas pesquisas, não tinha podido contar com os dados finais da UBT do Rio de
Janeiro, já que esta o considerava, por motivos de ter se desentendido com Luiz
Otávio, como persona non grata.
No entanto, é preciso reconhecer que é a obra de Eno Teodoro Wanke -- e
só ela, já que até o momento ainda não apareceu nada tão profundo e detalhado
como ela sobre o trovismo -- que preservará para o futuro todo a história do
trabalho de Luiz Otávio. Paulo Rónai chamou Wanke o "historiador e o
teórico" do movimento. São coisas da literatura pátria...
Quanto à indagação de Clério, e tendo em mente o então Clube dos
Trovadores do Vale do Paraíba, sob a presidência de Francisco Fortes,
respondeu: "Funde um Clube !."
Foi o que Clério fez, fundando a 1º de Julho de 1980 o Clube dos
Trovadores Capixabas ( CTC ) lançando, ao mesmo tempo, um Concurso de Trovas,
com os temas Vitória, Capixaba e Anchieta, que alcançou inúmeros participantes,
tendo sido recebidas mais de mil trovas.
Para fundar a entidade, Clério não se fez de rogado. Convidou dois
primos que apreciam poesias e entre um bate-papo e outro, fundou o CTC,
organizando na hora um Estatuto e formando uma Diretoria. Clério Presidente;
Luiz Carlos Braga Ribeiro como Secretário e José Borges Ribeiro Filho como
Tesoureiro.
Com a divulgação na Imprensa Nacional do Concurso temas Vitória,
Anchieta e Capixaba, Trovadores do Espírito Santo e do Brasil foram se filiando
ao Clube. Logo uma nova Diretoria foi formada criando-se e preenchendo-se novos
cargos.
Parece, contudo, que o grande segredo do sucesso do CTC foi a
constância. Clério mantinha uma constância, remetendo regulamento do Concurso
para todos os endereços de Trovadores aos quais tinha acesso. Mandando Cartas e
espalhando o nome do CTC no Brasil e Exterior. Logo foi criado um Jornal
Mimeografado denominado Beija Flor, divulgando Trovas e Trovadores do Espírito
Santo e do Brasil. São feitos inicialmente trezentos exemplares, remetidos pelo
Correios para trovadores, cujos endereços eram fornecidos por Eno Teodoro Wanke
e recolhidos por Clério, de livros, principalmente os livros de Antologia
feitos por Aparício Fernandes de Oliveira que sempre traziam uma bibliografia
dos Trovadores, com endereço no final.
O imediato lançamento de um Concurso de Trovas a nível Nacional com os
Temas Vitória, Anchieta, Capixaba, parece também ter sido a razão maior da
divulgação e do sucesso do Clube dos Trovadores Capixabas. Segundo o Jornal
"O Nacional", de Passo Fundo - RS, de 30 de Julho de 1980:
"O Concurso receberá Trovas até 15 de setembro de 1980 e o
primeiro colocado receberá uma Rosa de Prata."
Outros Jornais no Brasil e Exterior divulgam o Concurso e o CTC e o
resultado passa a ser o recebimento de inúmeras Trovas, mais de mil, de
centenas de Trovadores e várias Cartas de Trovadores Brasileiros associando-se
ao CTC, tanto que em 1981, um ano após a sua fundação o CTC já possuía mais de
500 sócios no Espírito Santo e no Brasil.
Entrevistas são concedidas a emissoras de rádio e Televisão e o CTC
amplia seus horizontes com mais adeptos e admiradores.
Em "A Gazeta", de Vitória, de 13 de julho de 1981 consta que:
"Não se pode negar que há uma grande receptividade popular em
torno da Trova. Pelo menos, poucos são os Concursos no Espírito Santo que
conseguem ter mais de 500 concorrentes. E um Concurso de Trovas chegou a ter
mil. Foi no ano passado quando se propuseram três temas: Vitória, Anchieta e
Capixaba ( ... ) Trovadores de todo o Brasil se reuniram no Concurso e depois
diversos outros Concursos foram feitos."
Para comprovar que o CTC nada tinha contra a entidade nacional UBT,
antes pelo contrário, aconteceu que o seu surgimento provocou, por iniciativa
de Clério Borges, o renascimento da UBT no Espírito Santo. Mantido contato com
o Presidente Nacional da UBT na época, Carlos Guimarães, Clério é nomeado
Delegado da UBT em Vitória.
Logo cria um Jornal Mimeografado "Estandarte" , o qual passa
a ser enviado para as seções da UBT em todo Brasil. Como Delegado em Vitória,
Clério estimula os Trovadores a criarem as seções da UBT na área dos Municípios
da Grande Vitória. Consegue a nomeação de Andrade Sucupira como Delegado da UBT
em Vila Velha e estimula a criação da UBT de Vila Velha que passa a ser
presidida pela Professora Valsema Rodrigues da Costa.
Logo é fundada a seção da UBT em Vitória, sob a Presidência de Carlos
Dorsch; Nealdo Zaidan passa a ser o Delegado da UBT no Município de Cariacica,
que faz parte da Grande Vitória. Todas as entidades passaram a manter jornaizinhos
Trovistas e a animação era grande. Em 1981, Clério resolveu comemorar o
primeiro aniversário do CTC, a 1º de Julho de 1981, com um Seminário.
Foram convidados diversos Trovadores do Brasil inteiro, inclusive J. G.
de Araújo Jorge, então Deputado Federal em Brasília, que não pode comparecer
pois não gostava de viajar de avião.
Compareceram de fora uma Delegação de Campos (Walter Siqueira, Alves
Rangel e Constantino Gonçalves), J. Silva (da UBT Nacional), Rodolfo Coelho
Cavalcante, de Salvador e Eno Teodoro Wanke, que compareceu com a esposa à
sessão de encerramento. Na ocasião, Wanke fez uma palestra onde, em certa
frase, dizia estar a UBT "encastelada em sua Torre de Marfim". O Sr.
J. Silva reclamou e a discussão se acirrou, com intervenções de Andrade
Sucupira e outros. O Seminário teve grande repercussão. Rodolfo e o casal Wanke
ficaram hospedados em casa da Trovadora Argentina Lopes Tristão e Eno
aproveitou para gravar informações destinadas a completar a biografia de
Rodolfo, que posteriormente lançaria num livro denominado "Vida e Luta do
Trovador Rodolfo Coelho Cavalcante."
Rodolfo decidiu fundar o Clube Baiano de Trova, tão logo chegasse a
Salvador, o que efetivamente fez. No ano seguinte, o CTC promoveu o Segundo
Seminário e o comparecimento foi mais significativo ainda, com as seguintes
Delegações:
Recife: Valdeci Camelo, Presidente da UBT de Recife, Diva Veloso e J.
Cabral Sobrinho, de Olinda.
Salvador: Rodolfo Coelho Cavalcante e dois cordelistas;
Niterói: o casal Torquata e Américo Lopes Fontoura, da UBT e da
Academia Brasileira de Trova e Jandyra Mascarenhas, (da UBT do Rio)
Rio de Janeiro: Eno Teodoro Wanke e esposa Irma. (Eno Teodoro Wanke
jamais faltou a nenhum dos Seminários do CTC)
Ponta Grossa: Amália Max, Presidente da UBT local.
Argentina: Jorge Piñero Marques.
Os Seminários do Espírito Santo (sempre organizados por Clério José
Borges), provocam no Movimento Trovista Nacional uma efervescência de tal ordem
que no Terceiro, foi fundada a 2 de Julho de 1983, uma Federação Brasileira de
Entidades Trovistas, a FEBET presidida por Eno Teodoro Wanke.
No Quarto Seminário, Eno Teodoro Wanke propôs que esta nova fase do
Movimento, iniciado com a fundação do CTC em 1° de julho de 1980, passasse a
ser denominado de "Neotrovismo". Ou seja, era o mesmo Trovismo
renovado por uma nova geração de Trovadores.
Os Seminários passaram a ser realizados anualmente, sempre em
comemoração ao Aniversário do CTC, na primeira Semana de Julho, estando em 1997
na sua Décima Sétima versão. Até o Décimo foi realizado em Vitória, Vila Velha,
Cariacica e Serra, na Grande Vitória. O Décimo Seminário foi realizado dentro
do Palácio do Governo do Estado do Espírito Santo, o Palácio Anchieta, em
Vitória.
O Décimo Primeiro foi realizado na cidade de Ibiraçu. O Décimo Segundo
em Afonso Cláudio. O Décimo Terceiro em Guarapari. O Décimo Quarto Seminário
foi realizado em Linhares. O Décimo Quinto em Domingos Martins e o Décimo Sexto
em Jacaraípe, Serra. O Décimo Sétimo na cidade de Conceição da Barra, no norte
do Estado. O Décimo Oitavo na Praia da Costa em Vila Velha. O décimo Nono na
cidade de Anchieta, onde faleceu o Apóstolo do Brasil, José de Anchieta. O 20º
Seminário, o último do Século, no ANO DOIS MIL, foi realizado na cidade de
Domingos Martins, onde já fôra realizado o 15º Seminário em 1995. Em 2002 foi
realizado em Domingos Martins, o 1º Congresso Brasileiro de Trovadores. Em
2003, o 2º Congresso foi realizado em Nova Almeida, ES.
Durante 20 anos inúmeras promoções foram realizadas, dentre Concursos de
Trovas; Palestras; Troveatas (Desfile dos Trovadores); Missa em Trovas,
atingindo milhares de pessoas no Espírito Santo e no Brasil já que o exemplo do
CTC, com suas palestras e Seminários espalhou-se pelo Brasil, surgindo
Convenções, Simpósios, Congressos e Encontros Nacionais em todo o país:
Brasília; Porto Alegre; Rio de Janeiro; São Paulo; Salvador; Recife; Olinda;
Petrópolis - RJ; Corumbá - Mato Grosso do Sul; Magé - RJ; Maringá, PR; Porto
Velho, Rondônia; Timóteo - MG e Magé - RJ.
Segundo Eno Teodoro Wanke:
"Durante sete anos o Seminário de Vitória foi um farol solitário
iluminando o Trovismo. Chegou-se a suspeitar que seria sempre assim... Mas não.
Em outubro de 1987, a rotina foi de novo rompida e outro foco de luz surgiu no
Nordeste do país. Alba Tavares Correia, Presidente do Clube de Trovadores da
Associação de Imprensa de Pernambuco, realizou com absoluto êxito, o 1º
Simpósio Nacional do Dia da Trova em Olinda, Pernambuco. E 1988, proclamado o
Ano Adelmar Tavares por ser o centenário do seu nascimento, assiste a uma
verdadeira explosão de encontros. As cidades de Timóteo ( no Vale do Aço
mineiro ), Rio de Janeiro e Porto Alegre entram no páreo, cada uma delas com
seu encontro, ampliando, assim, as oportunidades para que os Trovadores locais ou
regionais possam assistir e contribuir com sua parcela de idéias.
Em 1989, mais duas cidades se incorporam à programação regular:
Petrópolis ( em janeiro ) e a longínqua Porto Velho, Capital de Rondônia, em
Março."
De 1989 a 1997 outros eventos são realizados em São Paulo; Rio de
Janeiro; Brasília; Salvador, na Bahia; Recife e outras cidades, ampliando-se os
horizontes do Movimento Neotrovista.
A Trova firma-se pois na Literatura Brasileira formando um grande
movimento poético, o Trovismo, hoje denominado Neotrovismo.
O Escritor Jorge Amado em entrevista a Maria Thereza Cavalheiro,
Jornalista e Trovadora de São Paulo, diz:
"Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais
diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma
contato com a poesia e sente sua força. Por isso mesmo, a Trova e o Trovador
são imortais."
Esta frase é amplamente divulgada pela FEBET e pelo CTC.
Já o Escritor Afrânio Peixoto diz:
"A quadrinha popular é a nossa mais elementar forma de arte:
Quatro versos, de sete sílabas métricas; Duas rimas, raramente perfeitas, às
vezes apenas toantes no segundo e quarto verso; Que contém um estado fugitivo
d'alma, um demorado aperto de coração, desejo, queixa, malícia, juízo ( ... )
Comunicados com sinceridade e simplicidade."
Segundo o Folclorista Luís da Câmara Cascudo:
"A Trova é forma mais íntima da poesia, a que iniciou nos Sertões
(...) A Trova é uma confidência. É a fórmula mais popular do impulso
poético."
Mário Linhares define a Trova assim:
"A Trova, na sua simplicidade e delicadeza, encerra a essência
vital da Poesia, tudo o que faz a sua graça e encanto sem requinte, sem
artifício nem deformação."
Adelmar Tavares (A. T. da Silva Cavalcanti), Rei dos Trovadores
Brasileiros era advogado, professor, jurista, magistrado e poeta. Nasceu em
Recife, PE, em 16 de fevereiro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20
de junho de 1963. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 25 de
março de 1926 para a Cadeira n. 11, na sucessão de João Luís Alves, foi
recebido em 4 de setembro de 1926, pelo acadêmico Laudelino Freire.
Obras de Adelmar Tavares: Descantes, trovas (1907); Trovas e
trovadores, conferência (1910); Luz dos meus olhos, Myriam, poesia (1912); A
poesia das violas, poesia (1921); Noite cheia de estrelas, poesia (1925); A
linda mentira, prosa (1926); Poesias (1929); Trovas (1931); O caminho
enluarado, poesia (1932); A luz do altar, poesia (1934); Poesias escolhidas
(1946); Poesias completas (1958). Escreveu também várias obras jurídicas, entre
as quais Sobre a história do fideicomisso; Do homicídio eutanásico ou
suplicado; Do direito criminal; O desajustamento do delinquente à profissão.
O Escritor, Adelmar Tavares que cultivou a Trova com sabedoria como
ninguém, chegando a ocupar uma Cadeira na Academia Brasileira de Letras por
causa da Trova, assim se expressa:
"A Trova Brasileira... A Cantiga do fundo da nossa alma! Esses
quatro versos setissílabos que dizem mais que os poemas: - Bogari humilde,
pequenino, a que recende o campo inteiro da nossa poesia. As rosas imperiais
dos alexandrinos pompeantes. As begônias dos sonetos de dez sílabas. As
Camélias das baladas - aí delas - não têm a graça e o cheiro dessas anônimas
flores miúdas da alma popular. Colhê-las é encher as mãos de perfume! É
inebriar-se de aroma! É ter tonto o coração para cantar! É sentir que um luar
se levanta dentro de nós com umas cordas misteriosas de amor, de saudade, de
anseio e de súplicas."
Trovas de Adelmar Tavares:
Quem ama, para dar
provas,
deve três coisas
cumprir.
Tocar violão, fazer
Trovas,
e havendo luar, não
dormir...
Porque na Trova inocente
que tanto agrada à
mulher,
a gente conta o que
sente,
a gente diz o que
quer...
O Trovador Literário é aquele que sabe fazer a Trova, imprimindo
espontaneidade, graça, beleza e sabedoria, tal qual a cultivaram poetas
brasileiros de renome, como Fernando Pessoa:
O poeta é um fingidor,
finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
Olavo Bilac:
Mulher de recursos fartos!
Como é que está impenitente,
tendo no corpo dois quartos,
dá pousada a tanta gente?
Menotti Del Picchia:
Saudade, perfume triste
de uma flor que não se vê.
Culto que ainda persiste
num crente que já não crê.
Mário de Andrade:
Teu sorriso é um jardineiro,
meu coração é um jardim.
Saudade! Imenso canteiro
que eu trago dentro de mim.
Cecília Meireles:
Os remos batem nas águas:
têm de ferir para andar.
As águas vão consentindo
- esse é o destino do mar.
Carlos Drumond de Andrade:
Solidão, não te mereço,
pois que te consumo em vão.
Sabendo-te, embora, o preço,
calco teu ouro no chão.
PRÉ HISTÓRIA DA ACLAPTCTC
Por João Roberto Vasco Gonçalves ( Roberto Vasco), Vitória,
28/09/2020.
Chamo de Pré história da ACLAPTCTC,
aquele interstício entre o CTC e a ACLAPTCTC. Como historiador, julguei
importante registrar esse curto período, que todos os fundadores,
opinaram, presenciaram o momento da
metamorfose e a aprovaram no momento final, culminando com a respectiva
decisão, quase unânime de transformar o CTC em ACLAPTCTC, perdendo o título de
Clube e adquirindo o título de academia. Na verdade essa metamorfose foi um
pouco mais longa que muitos imaginam, teve um início, um doloroso momento de
agonia e finalmente o momento crucial, a estocada final. Pela documentação
consultada, durou aproximadamente seis meses, esse “horto das Oliveiras”.
Contemos essa história e façamos algumas análises.
Viajávamos
habitualmente interior afora fazendo reuniões, entregando ofícios, convites,
visitando órgãos públicos, escolas e entidades culturais com a finalidade de
efetuar congressos, saraus e outros.
Basicamente a mesma equipe; não todo mundo junto no mesmo evento, mas os
que estavam disponíveis no momento. Os mais frequentes eram o Presidente Clério
Borges, sua esposa, a acadêmica Zenaide T Borges, o Secretário Geral Roberto
Vasco, Edilso Celestino, Beth Vargas, Givaldo Inácio (o Mestre Gil), Angelina
Jucá, Soêmia Pimentel , Cleusa Madureira, Lenaldo Ferreira, Magnólia Silvestre.
Mas sempre que podiam: Emilio Soares, Paulo Negreiros, Lucineia paz, Luzia
Doná, Suzi Nunes e esporadicamente, outros, como o Gerson Santos ( cordelista do Cabo de Santo
Agostinho-PE). E me desculpem se a memória falhou e ficou alguém de fora, o que
não é difícil de acontecer. Outros ainda, encontrávamos lá onde estavam, como:
Nealdo Zaidan (trovador), Dolores P Resende, Barbara Peres. Muita luta, pelos
ideais do CTC.
Mas,
algumas vezes, todos impedidos, cansados ou tempo chuvoso, eu, Roberto Vasco,
acabava indo, mesmo cansado ou deslocando algo na agenda de serviços, por
espírito de coleguismo, para não deixar o presidente Clério Borges viajar
cansado e sozinho, pois, tinha a certeza que iria, conhecendo o seu senso de
cumprimento de compromissos agendados e a sua persistência, que beira a
teimosia.
Para
não dormir pilotando o carro, devido ao cansaço, conversávamos a viagem
inteira. Era uma sala de conferências de assuntos variados: Literatura brasileira
e estrangeira, Filosofia, Religião, eventos passados e respectivas lições que
deixaram, funcionamento de entidades como academias de letras, associação de
bairros, ministérios de igreja e por fim o próprio CTC e seu funcionamento.
Numa dessas viagens, em 05/05/2017, para
uma das muitas reuniões em Anchieta e uma semana depois, para uma reunião em
Castelo, eu, Roberto Vasco, fiz a seguinte observação: O CTC, CLUBE DOS
TROVADORES CAPIXABAS, FAZ TUDO QUE UMA ACADEMIA FAZ. PORQUE VOCÊ NÃO O TRANSFORMA
EM ACADEMIA? Senti certo desconforto do Presidente Clério José Borges, mal
dissimulado, pois era sentimento interior, inconsciente, que creio, nem mesmo
ele sabia que possuía.
Uma
semana depois, indo para Castelo, em 12/05/2017, voltamos ao assunto e eu, a
título de curiosidade perguntei, que em caso de transformação em academia, qual
seria a cor da pelerine e o emblema da academia e o presidente Clério José
Borges me respondeu sem titubear, enquanto explicava porque: A cor do CTC é o
Amarelo, então, a PELERINE TERIA QUE SER AMARELA. O EMBLEMA TEM QUE CONTER UM
BEIJA FLOR, BEIJANDO UMA ROSA, também o símbolo do CTC.
Houve um silêncio sepulcral sobre o assunto,
até o dia 01/06/2017, numa reunião em Vitória com o então Secretário Estadual
de Cultura, Sr. José Roberto Santos Neves. Até então eu não percebia o motivo
do desconforto e de tanta resistência, quanto a transformar o CTC em academia,
embora uma análise um pouco mais profunda e minuciosa fosse capaz de
identificar o desconforto psicológico e a resistência, traduzida por dois
aspectos básicos: primeiramente, FOI O CRIADOR, QUE ENGENDROU A CRIATURA e a
acompanhou desde o seu nascimento até a maturidade. A seguir, a TRADIÇÃO.
Assassinar a criatura, jamais. Se tivesse que haver a extinção, que se desse uma
chance, como foi dada a família do Noé na época do dilúvio ou a de Ló na destruição de Sodoma e Gomorra,
salvando sua família, ambos responsáveis por continuar uma humanidade depurada.
Mas,
voltemos à REUNIÃO DE 01/06/2017, COM O SECRETÁRIO DE CULTURA, JOSÉ ROBERTO
SANTOS NEVES, momento da estocada final, quando o cutelo desse involuntário
sacerdote, imolou a vítima, o CTC, e espargiu seu sangue sobre o altar, o
próprio criador e fundador da vítima que então agonizava, o Sr. Clério José
Borges. Eu o ministro, que presenciava e testemunhava esse holocausto, cuja
função era de escriba, encarregado de transmitir à posteridade, esse documento
final. Mas, detalhemos essa cerimônia do sacrifício.
Após
a entrega do Ofício, convidando o Secretário a viajar conosco ao Rio de Janeiro
e nesse evento, falasse sobre o andamento das Atividades Culturais do Espírito
Santo e providências em curso, fizemos uma breve reunião, onde o presidente
Clério Borges abordou as nossas dificuldades financeiras, de como realizávamos
eventos às nossas próprias custas e contribuições dos verdadeiros “Mecenas da
Cultura”, que aceitavam contribuir com valores monetários e receberem em
reconhecimento, diplomas, medalhas e outros troféus. Pleiteou ajuda e pediu
orientação de como proceder para conseguir.
Na resposta dada, o exato momento em que
o cutelo imolou a vítima, cuja dor foi sentida pelo seu Representante Mor, o
próprio presidente Clério José Borges. A estocada foi essa: “UM CLUBE É DIFÍCIL
DE OBTER RECURSOS. POR QUE NÃO COLOCAM O NOME DE ACADEMIA? Um clube soa como
agremiação esportiva. Tem um peso político inferior a de uma academia. É mais
difícil de justificar como entidade cultural”. Essa argumentação, não é muito
consistente, afinal, existem academias de Ginástica, científicas, esportivas e
de outras modalidade. Mas, era a visão experiente de um secretário e da
necessidade de parecer ser, além de propriamente ser.
Eu
presenciei o holocausto e percebi a dor que a estocada acarretara. Foi o
momento decisivo. O meu argumento não
havia sido convincente: o que foi, poderia muito bem continuar sendo, sem
necessidade de mudanças de nomenclatura, o que era agradável aos trovadores,
embora não tivessem a mesma expressividade no cenário cultural capixaba e
nacional. Por outro lado, o silêncio, o não fazer caso do que eu disse nas
viagens, era mais ou menos como a negação do sacrilégio de ter conversado sobre
o assunto, logo no ponto nevrálgico da questão: abolir a tradição, com a
fatídica troca de nomes. Mas, até então, ainda não havia percebido a magnitude
desse ato sacrílego, pois esse termo ainda não fora proferido explicitamente.
Mas, ainda estaria por vir.
Mas, o argumento do secretário, foi
enfático, demolidor e irrefutável: OBTENÇÃO DE RECURSOS, condicionado à mudança
de nome, se quisesse se manter e crescer.
Mas, a história não termina aí, pois,
nesse ponto, começa a terceira parte dessa pré-história da ACLAPTCTC E A ORÍGEM
DO NOVO NOME. Nessa agonia dos quase cinco meses restantes, ou seja, até a data
da reunião de fundação em 18/11/2017, o presidente Clério José Borges se
comportou de modo análogo ao grande Teólogo Thomás de Aquino, quando adequou as
teorias Aristotélicas às Cristãs, possibilitando o seu ensino nas 50
universidades católicas criadas na Europa, para aculturar o povo, privado até
então do conhecimento, que ficara confinado aos mosteiros, desde a queda do
império Romano Ocidental. Essa afirmação deixa de ser um paradoxo quando se lê
a minuta do documento que seria levado a apreciação dos associados na reunião
de fundação e posteriormente ao registro civil no cartório competente.
Examinemos:
“ Cumpre
informar que por
decisão de Diretoria
em Reunião realizada
no
último
sábado, dia 18
de Novembro de
2017, o CTC
Clube dos Trovadores
Capixabas foi elevado ao
“status” de Academia
de Letras e
Artes, com o
título
de
Academia de Letras
e Artes de
Poetas Trovadores, de
sigla ALAPTCTC.”
“...a história do CTC continuará com a
nova entidade já que não houve a extinção do Clube, mas sim uma promoção à
condição de Academia de Letras e Artes,...”
“...o
Clube dos Trovadores Capixabas não morreu, apenas
galgou o Status de Academia de Letras E
Artes,...”
Referência:
Academias/ACLAPTCTC/FundacãodaAcademiaTrovadores.pdf
Ou seja, o trabalho de adequação
executado pelo Presidente Clério José Borges de Sant’Anna, ao redigir o novo
documento explicita a herança ideológica e o propósito de continuar com o mesmo
trabalho, o que está escrito na Ata da Reunião de fundação, conforme se lê a
seguir:
“...A Associação é historicamente uma
nova entidade cultural surgida,
como legado, ou
seja herança histórica
cultural do antigo Clube
dos Trovadores Capixabas,
CTC, fundado em
Vila Velha, ES,
a 1º de
Julho de 1980, pelo escritor
Capixaba Clério José Borges de Sant Anna...”
Referência: Referência:
Academias/ACLAPTCTC/ATA DE FUNDACAO DA ACADEMIA ACLAPTCTC.pdf
Contudo, e apesar da complexidade da
ideia, verifica-se no texto acima que não é uma espécie de “simbiose”, ou um
“produto híbrido” de duas entidades diferentes. É legalmente, uma nova
entidade, fundamentada nos mesmos princípios da outra.
Agora, depois dessas observações
oficialmente redigidas e principalmente depois do único voto contra a mudança,
da nobre Confreira Magnólia Pedrina Silvestre, finalmente fui entender a enorme resistência inicial do presidente,
até a última instância e o seu desconforto ao falar no assunto e compreendo a
magnitude do seu trabalho de adequação e entrelaçamento, explicitando a
continuidade da obra.
No momento em que foi colocado em
votação e a confreira Magnólia, votou contra, sem titubear, eu pude perceber os
laços afetivos que união cada associado ao Clube dos trovadores Capixabas e
quão pesarosa foi a aceitação de outro nome, mesmo sob os propósitos do
trabalho continuar sendo o mesmo e com a mesma qualidade e fidelidade aos
princípios. Eu não compreendia por que
tinha entrado no CTC há três anos, na época e ainda não possuía as raízes tão
profundas e intrincadas como os membros fundadores. Afinal, era uma história de
38 anos. Confiram a seguir:
“A
proposta apresentada pelo
Presidente do CTC,
Clério José Borges
foi
apoiada
por todos os
presentes a exceção
da associada Magnólia
Pedrina
Sylvestre, que
se manifestou contra
em face aos
38 anos de
história do CTC
fundado
a 1º de
Julho de 1980
e líder na
realização de eventos
culturais de
Seminários e
Congressos de Poetas
Trovadores no Estado
do Espírito Santo.
Infelizmente foi voto vencido,...”
Referência:
Academias/ACLAPTCTC/FundacãodaAcademiaTrovadores.pdf
Eu,
Roberto Vasco, acadêmico cadeira 3, patrono São Francisco de Assis, o mesmo do
CTC, atual Secretário Geral, com a missão de “escriba”, atribuída pelo destino,
redijo A PRESENTE PRÉ-HISTÓRIA, que ofereço aos nobres confrades e à posteridade.
Outrossim informo que elaborei um dossiê
sobre a ACLAPTCTC e sobre o CTC, em forma de pastas, onde os principais
arquivos atinentes a história e a fundação das duas entidades estão alocadas e
disponíveis para serem transmitidas aos possíveis interessados, em mídia ou
impressos, a qualquer tempo. Observo que a história total, no que transcende a
fundação, ainda não está completa e ao longo do tempo muitos dados precisam ser
recuperados, ordenados e gravados e outros mais antigos, pesquisados, junto aos
confrades e confreiras detentores de muitas informações, pois, só as possuo a
partir de 2015, a exceção de alguns poucos depoimentos já tomados e livros
consultados. As cartas de intenções pós congressos, redigidos no último dia de
cada um, em cada cidade, tenho, a partir de 2016, mas ainda precisam ser
separadas e colocadas nesse dossiê. Algumas, preciosidades, com seus
respectivos manuscritos redigidos a próprio punho pelos presidentes das
comissões eleitas para esse efeito, alguns já falecidos. Temos também, ainda
fora do dossiê, as fichas dos primeiros fundadores do CTC, sem falar em algumas
fotos. Também são notórias as observações sobre fichas de inscrição de antigos
acadêmicos, que se ainda vivessem hoje estariam com 116, 114, 112 anos, etc.
Gostaria
de propor, a título de exercício acadêmico, que relatem com suas palavras, as
participações em seminários e congressos antigos, lembrando da preciosidade de
seus depoimentos, como testemunhas oculares e partícipes da história. Façam,
não importa se ficarão duplicadas. Filtraremos depois. O importante é cada um
relatar sua própria história, dar seu precioso depoimento. Em última análise:
NÓS SOMOS A HISTÓRIA.
Perfeito
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