Histórico da ACLAPTCTC

Conteúdo histórico da Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas Trovadores - ACLAPTCTC:

Em Assembléia Geral Extraordinária realizada no último sábado, dia 18 de novembro de 2017, foi fundada no bairro de Eurico Salles, no Município da Serra no Espírito Santo a Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas Trovadores, de sigla  ACLAPTCTC, antigo Clube dos Trovadores Capixabas, CTC. A proposta apresentada pelo Presidente do CTC, Clério José Borges foi apoiada por todos os presentes a exceção da Associada Magnólia Pedrina Sylvestre, que se manifestou contra em face aos 38 anos de história do CTC fundado a 1º de Julho de 1980 e líder na realização de eventos culturais no Estado do Espírito Santo.  Segundo o Escritor João Roberto Vasco Gonçalves, Secretário Geral do CTC, o Clube dos Trovadores Capixabas não morreu, apenas galgou o Status de Academia de Letras E Artes, tendo agora um quadro de 50 Cadeiras de Acadêmicos Imortais com os seus respectivos Patronos, todos nascidos ou residentes no Estado do Espírito Santo e um quadro indefinido de Acadêmicos Correspondentes, nascidos ou residentes nos demais Estados da Federação e no Exterior.

O Clube dos Trovadores Capixabas, CTC é uma entidade cultural sem fins lucrativos de divulgação da Trova e da Poesia em Geral. Foi fundado por Clério José Borges, Trovador Capixaba, com base numa idéia do escritor Eno Theodoro Wanke, a 1º de Julho de 1980, na cidade de Vila Velha, Estado do Espírito Santo. Para comemorar o aniversário do CTC, foram organizados anualmente os Seminários Nacionais da Trova, que aconteceram de 1981 ao ano 2000, sendo que em 2001 foram iniciados os Congressos Brasileiros de Trovadores, que não possuem uma regularidade anual e nem de local. Em 2001, o Congresso foi realizado em Domingos Martins. Em 2003, em Nova Almeida, Serra, ES, mesmo local onde foi realizado o III Congresso em 2005. Em 2006 o Congresso foi realizado na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Em 2007 o evento foi realizado na Serra Sede e em 2009 em Santa Teresa, ES. Em 2010 o Congresso foi realizado em Eurico Salles, Carapina, Serra, ES, mesmo local do evento de 2011. O CTC hoje é uma entidade atuante e possui sócios no Espírito Santo, no Brasil e no exterior. São sócios Fundadores, Efetivos e Correspondentes.

O Clube dos Trovadores Capixabas, CTC é uma entidade cultural sem fins lucrativos de divulgação da Trova e da Poesia em Geral. Foi fundado por Clério José Borges, Trovador Capixaba, com base numa idéia do escritor Eno Theodoro Wanke, a 1º de Julho de 1980, na cidade de Vila Velha, estado do Espírito Santo. Para comemorar o aniversário do CTC, foram organizados anualmente os SEMINÁRIOS NACIONAIS DA TROVA.

O CTC hoje é uma entidade atuante e possui mais de 1.500 sócios no Espírito santo, no Brasil e no exterior. São sócios Fundadores, Efetivos e Correspondentes.

O Movimento Trovista, que havia sido expressivo no Espírito Santo em 1967,1968, 1969 e 1970, voltou a ser reativado no Espírito Santo em 1980.

Clério José Borges era estudante Universitário do Curso de Pedagogia na Universidade Federal do Estado do Espírito Santo - UFES. Coube-lhe fazer um trabalho sobre Trovadorismo Medieval. O Trabalho era em grupo e foi apresentado posteriormente por Clério em Sala de Aula, na Universidade. Na mesma época Clério cursava Direito na UFES, mas interrompera o Curso para cursar Pedagogia.

Para fazer seu trabalho, Clério recorreu a Biblioteca da Universidade do Espírito Santo e topou, por acaso, com o livro "O Trovismo". Resolveu consultá-lo e observando que Eno Teodoro Wanke havia omitido as promoções da UBT de Vitória e Vila Velha, inclusive o Concurso de Trovas tema Pelé, escreveu para o autor do livro ocasião em que pergunta-lhe como fazer para renovar o Trovismo localmente. Wanke desculpou-se da omissão, pois, em suas pesquisas, não tinha podido contar com os dados finais da UBT do Rio de Janeiro, já que esta o considerava, por motivos de ter se desentendido com Luiz Otávio, como persona non grata.

No entanto, é preciso reconhecer que é a obra de Eno Teodoro Wanke -- e só ela, já que até o momento ainda não apareceu nada tão profundo e detalhado como ela sobre o trovismo -- que preservará para o futuro todo a história do trabalho de Luiz Otávio. Paulo Rónai chamou Wanke o "historiador e o teórico" do movimento. São coisas da literatura pátria...

Quanto à indagação de Clério, e tendo em mente o então Clube dos Trovadores do Vale do Paraíba, sob a presidência de Francisco Fortes, respondeu: "Funde um Clube !."

Foi o que Clério fez, fundando a 1º de Julho de 1980 o Clube dos Trovadores Capixabas ( CTC ) lançando, ao mesmo tempo, um Concurso de Trovas, com os temas Vitória, Capixaba e Anchieta, que alcançou inúmeros participantes, tendo sido recebidas mais de mil trovas.

Para fundar a entidade, Clério não se fez de rogado. Convidou dois primos que apreciam poesias e entre um bate-papo e outro, fundou o CTC, organizando na hora um Estatuto e formando uma Diretoria. Clério Presidente; Luiz Carlos Braga Ribeiro como Secretário e José Borges Ribeiro Filho como Tesoureiro.

Com a divulgação na Imprensa Nacional do Concurso temas Vitória, Anchieta e Capixaba, Trovadores do Espírito Santo e do Brasil foram se filiando ao Clube. Logo uma nova Diretoria foi formada criando-se e preenchendo-se novos cargos.

Parece, contudo, que o grande segredo do sucesso do CTC foi a constância. Clério mantinha uma constância, remetendo regulamento do Concurso para todos os endereços de Trovadores aos quais tinha acesso. Mandando Cartas e espalhando o nome do CTC no Brasil e Exterior. Logo foi criado um Jornal Mimeografado denominado Beija Flor, divulgando Trovas e Trovadores do Espírito Santo e do Brasil. São feitos inicialmente trezentos exemplares, remetidos pelo Correios para trovadores, cujos endereços eram fornecidos por Eno Teodoro Wanke e recolhidos por Clério, de livros, principalmente os livros de Antologia feitos por Aparício Fernandes de Oliveira que sempre traziam uma bibliografia dos Trovadores, com endereço no final.

O imediato lançamento de um Concurso de Trovas a nível Nacional com os Temas Vitória, Anchieta, Capixaba, parece também ter sido a razão maior da divulgação e do sucesso do Clube dos Trovadores Capixabas. Segundo o Jornal "O Nacional", de Passo Fundo - RS, de 30 de Julho de 1980:

"O Concurso receberá Trovas até 15 de setembro de 1980 e o primeiro colocado receberá uma Rosa de Prata."

Outros Jornais no Brasil e Exterior divulgam o Concurso e o CTC e o resultado passa a ser o recebimento de inúmeras Trovas, mais de mil, de centenas de Trovadores e várias Cartas de Trovadores Brasileiros associando-se ao CTC, tanto que em 1981, um ano após a sua fundação o CTC já possuía mais de 500 sócios no Espírito Santo e no Brasil.

Entrevistas são concedidas a emissoras de rádio e Televisão e o CTC amplia seus horizontes com mais adeptos e admiradores.

Em "A Gazeta", de Vitória, de 13 de julho de 1981 consta que:

"Não se pode negar que há uma grande receptividade popular em torno da Trova. Pelo menos, poucos são os Concursos no Espírito Santo que conseguem ter mais de 500 concorrentes. E um Concurso de Trovas chegou a ter mil. Foi no ano passado quando se propuseram três temas: Vitória, Anchieta e Capixaba ( ... ) Trovadores de todo o Brasil se reuniram no Concurso e depois diversos outros Concursos foram feitos."

Para comprovar que o CTC nada tinha contra a entidade nacional UBT, antes pelo contrário, aconteceu que o seu surgimento provocou, por iniciativa de Clério Borges, o renascimento da UBT no Espírito Santo. Mantido contato com o Presidente Nacional da UBT na época, Carlos Guimarães, Clério é nomeado Delegado da UBT em Vitória.

Logo cria um Jornal Mimeografado "Estandarte" , o qual passa a ser enviado para as seções da UBT em todo Brasil. Como Delegado em Vitória, Clério estimula os Trovadores a criarem as seções da UBT na área dos Municípios da Grande Vitória. Consegue a nomeação de Andrade Sucupira como Delegado da UBT em Vila Velha e estimula a criação da UBT de Vila Velha que passa a ser presidida pela Professora Valsema Rodrigues da Costa.

Logo é fundada a seção da UBT em Vitória, sob a Presidência de Carlos Dorsch; Nealdo Zaidan passa a ser o Delegado da UBT no Município de Cariacica, que faz parte da Grande Vitória. Todas as entidades passaram a manter jornaizinhos Trovistas e a animação era grande. Em 1981, Clério resolveu comemorar o primeiro aniversário do CTC, a 1º de Julho de 1981, com um Seminário.

Foram convidados diversos Trovadores do Brasil inteiro, inclusive J. G. de Araújo Jorge, então Deputado Federal em Brasília, que não pode comparecer pois não gostava de viajar de avião.

Compareceram de fora uma Delegação de Campos (Walter Siqueira, Alves Rangel e Constantino Gonçalves), J. Silva (da UBT Nacional), Rodolfo Coelho Cavalcante, de Salvador e Eno Teodoro Wanke, que compareceu com a esposa à sessão de encerramento. Na ocasião, Wanke fez uma palestra onde, em certa frase, dizia estar a UBT "encastelada em sua Torre de Marfim". O Sr. J. Silva reclamou e a discussão se acirrou, com intervenções de Andrade Sucupira e outros. O Seminário teve grande repercussão. Rodolfo e o casal Wanke ficaram hospedados em casa da Trovadora Argentina Lopes Tristão e Eno aproveitou para gravar informações destinadas a completar a biografia de Rodolfo, que posteriormente lançaria num livro denominado "Vida e Luta do Trovador Rodolfo Coelho Cavalcante."

Rodolfo decidiu fundar o Clube Baiano de Trova, tão logo chegasse a Salvador, o que efetivamente fez. No ano seguinte, o CTC promoveu o Segundo Seminário e o comparecimento foi mais significativo ainda, com as seguintes Delegações:

Recife: Valdeci Camelo, Presidente da UBT de Recife, Diva Veloso e J. Cabral Sobrinho, de Olinda.

Salvador: Rodolfo Coelho Cavalcante e dois cordelistas;

Niterói: o casal Torquata e Américo Lopes Fontoura, da UBT e da Academia Brasileira de Trova e Jandyra Mascarenhas, (da UBT do Rio)

Rio de Janeiro: Eno Teodoro Wanke e esposa Irma. (Eno Teodoro Wanke jamais faltou a nenhum dos Seminários do CTC)

Ponta Grossa: Amália Max, Presidente da UBT local.

Argentina: Jorge Piñero Marques.

Os Seminários do Espírito Santo (sempre organizados por Clério José Borges), provocam no Movimento Trovista Nacional uma efervescência de tal ordem que no Terceiro, foi fundada a 2 de Julho de 1983, uma Federação Brasileira de Entidades Trovistas, a FEBET presidida por Eno Teodoro Wanke.

No Quarto Seminário, Eno Teodoro Wanke propôs que esta nova fase do Movimento, iniciado com a fundação do CTC em 1° de julho de 1980, passasse a ser denominado de "Neotrovismo". Ou seja, era o mesmo Trovismo renovado por uma nova geração de Trovadores.

Os Seminários passaram a ser realizados anualmente, sempre em comemoração ao Aniversário do CTC, na primeira Semana de Julho, estando em 1997 na sua Décima Sétima versão. Até o Décimo foi realizado em Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, na Grande Vitória. O Décimo Seminário foi realizado dentro do Palácio do Governo do Estado do Espírito Santo, o Palácio Anchieta, em Vitória.

O Décimo Primeiro foi realizado na cidade de Ibiraçu. O Décimo Segundo em Afonso Cláudio. O Décimo Terceiro em Guarapari. O Décimo Quarto Seminário foi realizado em Linhares. O Décimo Quinto em Domingos Martins e o Décimo Sexto em Jacaraípe, Serra. O Décimo Sétimo na cidade de Conceição da Barra, no norte do Estado. O Décimo Oitavo na Praia da Costa em Vila Velha. O décimo Nono na cidade de Anchieta, onde faleceu o Apóstolo do Brasil, José de Anchieta. O 20º Seminário, o último do Século, no ANO DOIS MIL, foi realizado na cidade de Domingos Martins, onde já fôra realizado o 15º Seminário em 1995. Em 2002 foi realizado em Domingos Martins, o 1º Congresso Brasileiro de Trovadores. Em 2003, o 2º Congresso foi realizado em Nova Almeida, ES.

Durante 20 anos inúmeras promoções foram realizadas, dentre Concursos de Trovas; Palestras; Troveatas (Desfile dos Trovadores); Missa em Trovas, atingindo milhares de pessoas no Espírito Santo e no Brasil já que o exemplo do CTC, com suas palestras e Seminários espalhou-se pelo Brasil, surgindo Convenções, Simpósios, Congressos e Encontros Nacionais em todo o país: Brasília; Porto Alegre; Rio de Janeiro; São Paulo; Salvador; Recife; Olinda; Petrópolis - RJ; Corumbá - Mato Grosso do Sul; Magé - RJ; Maringá, PR; Porto Velho, Rondônia; Timóteo - MG e Magé - RJ.

Segundo Eno Teodoro Wanke:

"Durante sete anos o Seminário de Vitória foi um farol solitário iluminando o Trovismo. Chegou-se a suspeitar que seria sempre assim... Mas não. Em outubro de 1987, a rotina foi de novo rompida e outro foco de luz surgiu no Nordeste do país. Alba Tavares Correia, Presidente do Clube de Trovadores da Associação de Imprensa de Pernambuco, realizou com absoluto êxito, o 1º Simpósio Nacional do Dia da Trova em Olinda, Pernambuco. E 1988, proclamado o Ano Adelmar Tavares por ser o centenário do seu nascimento, assiste a uma verdadeira explosão de encontros. As cidades de Timóteo ( no Vale do Aço mineiro ), Rio de Janeiro e Porto Alegre entram no páreo, cada uma delas com seu encontro, ampliando, assim, as oportunidades para que os Trovadores locais ou regionais possam assistir e contribuir com sua parcela de idéias.

Em 1989, mais duas cidades se incorporam à programação regular: Petrópolis ( em janeiro ) e a longínqua Porto Velho, Capital de Rondônia, em Março."

De 1989 a 1997 outros eventos são realizados em São Paulo; Rio de Janeiro; Brasília; Salvador, na Bahia; Recife e outras cidades, ampliando-se os horizontes do Movimento Neotrovista.

A Trova firma-se pois na Literatura Brasileira formando um grande movimento poético, o Trovismo, hoje denominado Neotrovismo.

O Escritor Jorge Amado em entrevista a Maria Thereza Cavalheiro, Jornalista e Trovadora de São Paulo, diz:

"Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente sua força. Por isso mesmo, a Trova e o Trovador são imortais."

Esta frase é amplamente divulgada pela FEBET e pelo CTC.

Já o Escritor Afrânio Peixoto diz:

"A quadrinha popular é a nossa mais elementar forma de arte: Quatro versos, de sete sílabas métricas; Duas rimas, raramente perfeitas, às vezes apenas toantes no segundo e quarto verso; Que contém um estado fugitivo d'alma, um demorado aperto de coração, desejo, queixa, malícia, juízo ( ... ) Comunicados com sinceridade e simplicidade."

Segundo o Folclorista Luís da Câmara Cascudo:

"A Trova é forma mais íntima da poesia, a que iniciou nos Sertões (...) A Trova é uma confidência. É a fórmula mais popular do impulso poético."

Mário Linhares define a Trova assim:

"A Trova, na sua simplicidade e delicadeza, encerra a essência vital da Poesia, tudo o que faz a sua graça e encanto sem requinte, sem artifício nem deformação."

Adelmar Tavares (A. T. da Silva Cavalcanti), Rei dos Trovadores Brasileiros era advogado, professor, jurista, magistrado e poeta. Nasceu em Recife, PE, em 16 de fevereiro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de junho de 1963. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 25 de março de 1926 para a Cadeira n. 11, na sucessão de João Luís Alves, foi recebido em 4 de setembro de 1926, pelo acadêmico Laudelino Freire.

Obras de Adelmar Tavares: Descantes, trovas (1907); Trovas e trovadores, conferência (1910); Luz dos meus olhos, Myriam, poesia (1912); A poesia das violas, poesia (1921); Noite cheia de estrelas, poesia (1925); A linda mentira, prosa (1926); Poesias (1929); Trovas (1931); O caminho enluarado, poesia (1932); A luz do altar, poesia (1934); Poesias escolhidas (1946); Poesias completas (1958). Escreveu também várias obras jurídicas, entre as quais Sobre a história do fideicomisso; Do homicídio eutanásico ou suplicado; Do direito criminal; O desajustamento do delinquente à profissão.

O Escritor, Adelmar Tavares que cultivou a Trova com sabedoria como ninguém, chegando a ocupar uma Cadeira na Academia Brasileira de Letras por causa da Trova, assim se expressa:

"A Trova Brasileira... A Cantiga do fundo da nossa alma! Esses quatro versos setissílabos que dizem mais que os poemas: - Bogari humilde, pequenino, a que recende o campo inteiro da nossa poesia. As rosas imperiais dos alexandrinos pompeantes. As begônias dos sonetos de dez sílabas. As Camélias das baladas - aí delas - não têm a graça e o cheiro dessas anônimas flores miúdas da alma popular. Colhê-las é encher as mãos de perfume! É inebriar-se de aroma! É ter tonto o coração para cantar! É sentir que um luar se levanta dentro de nós com umas cordas misteriosas de amor, de saudade, de anseio e de súplicas."

Trovas de Adelmar Tavares:

Quem ama, para dar provas,

deve três coisas cumprir.

Tocar violão, fazer Trovas,

e havendo luar, não dormir...

 

Porque na Trova inocente

que tanto agrada à mulher,

a gente conta o que sente,

a gente diz o que quer...


O Trovador Literário é aquele que sabe fazer a Trova, imprimindo espontaneidade, graça, beleza e sabedoria, tal qual a cultivaram poetas brasileiros de renome, como Fernando Pessoa:


O poeta é um fingidor,

finge tão completamente,

que chega a fingir que é dor

a dor que deveras sente.

 

Olavo Bilac:

Mulher de recursos fartos!

Como é que está impenitente,

tendo no corpo dois quartos,

dá pousada a tanta gente?

 

Menotti Del Picchia:

Saudade, perfume triste

de uma flor que não se vê.

Culto que ainda persiste

num crente que já não crê.

 

Mário de Andrade:

Teu sorriso é um jardineiro,

meu coração é um jardim.

Saudade! Imenso canteiro

que eu trago dentro de mim.

 

Cecília Meireles:

Os remos batem nas águas:

têm de ferir para andar.

As águas vão consentindo

- esse é o destino do mar.

 

Carlos Drumond de Andrade:

Solidão, não te mereço,

pois que te consumo em vão.

Sabendo-te, embora, o preço,

calco teu ouro no chão.


PRÉ HISTÓRIA DA ACLAPTCTC

Por João Roberto Vasco Gonçalves ( Roberto Vasco), Vitória, 28/09/2020.

Chamo de Pré história da ACLAPTCTC, aquele interstício entre o CTC e a ACLAPTCTC. Como historiador, julguei importante registrar esse curto período, que todos os fundadores, opinaram,  presenciaram o momento da metamorfose e a aprovaram no momento final, culminando com a respectiva decisão, quase unânime de transformar o CTC em ACLAPTCTC, perdendo o título de Clube e adquirindo o título de academia. Na verdade essa metamorfose foi um pouco mais longa que muitos imaginam, teve um início, um doloroso momento de agonia e finalmente o momento crucial, a estocada final. Pela documentação consultada, durou aproximadamente seis meses, esse “horto das Oliveiras”. Contemos essa história e façamos algumas análises.

            Viajávamos habitualmente interior afora fazendo reuniões, entregando ofícios, convites, visitando órgãos públicos, escolas e entidades culturais com a finalidade de efetuar congressos, saraus e outros.  Basicamente a mesma equipe; não todo mundo junto no mesmo evento, mas os que estavam disponíveis no momento. Os mais frequentes eram o Presidente Clério Borges, sua esposa, a acadêmica Zenaide T Borges, o Secretário Geral Roberto Vasco, Edilso Celestino, Beth Vargas, Givaldo Inácio (o Mestre Gil), Angelina Jucá, Soêmia Pimentel , Cleusa Madureira, Lenaldo Ferreira, Magnólia Silvestre. Mas sempre que podiam: Emilio Soares, Paulo Negreiros, Lucineia paz, Luzia Doná, Suzi Nunes e esporadicamente, outros, como o Gerson Santos (               cordelista do Cabo de Santo Agostinho-PE). E me desculpem se a memória falhou e ficou alguém de fora, o que não é difícil de acontecer. Outros ainda, encontrávamos lá onde estavam, como: Nealdo Zaidan (trovador), Dolores P Resende, Barbara Peres. Muita luta, pelos ideais do CTC.

            Mas, algumas vezes, todos impedidos, cansados ou tempo chuvoso, eu, Roberto Vasco, acabava indo, mesmo cansado ou deslocando algo na agenda de serviços, por espírito de coleguismo, para não deixar o presidente Clério Borges viajar cansado e sozinho, pois, tinha a certeza que iria, conhecendo o seu senso de cumprimento de compromissos agendados e a sua persistência, que beira a teimosia.

            Para não dormir pilotando o carro, devido ao cansaço, conversávamos a viagem inteira. Era uma sala de conferências de assuntos variados: Literatura brasileira e estrangeira, Filosofia, Religião, eventos passados e respectivas lições que deixaram, funcionamento de entidades como academias de letras, associação de bairros, ministérios de igreja e por fim o próprio CTC e seu funcionamento.

Numa dessas viagens, em 05/05/2017, para uma das muitas reuniões em Anchieta e uma semana depois, para uma reunião em Castelo, eu, Roberto Vasco, fiz a seguinte observação: O CTC, CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS, FAZ TUDO QUE UMA ACADEMIA FAZ. PORQUE VOCÊ NÃO O TRANSFORMA EM ACADEMIA? Senti certo desconforto do Presidente Clério José Borges, mal dissimulado, pois era sentimento interior, inconsciente, que creio, nem mesmo ele sabia que possuía.

            Uma semana depois, indo para Castelo, em 12/05/2017, voltamos ao assunto e eu, a título de curiosidade perguntei, que em caso de transformação em academia, qual seria a cor da pelerine e o emblema da academia e o presidente Clério José Borges me respondeu sem titubear, enquanto explicava porque: A cor do CTC é o Amarelo, então, a PELERINE TERIA QUE SER AMARELA. O EMBLEMA TEM QUE CONTER UM BEIJA FLOR, BEIJANDO UMA ROSA, também o símbolo do CTC.

             Houve um silêncio sepulcral sobre o assunto, até o dia 01/06/2017, numa reunião em Vitória com o então Secretário Estadual de Cultura, Sr. José Roberto Santos Neves. Até então eu não percebia o motivo do desconforto e de tanta resistência, quanto a transformar o CTC em academia, embora uma análise um pouco mais profunda e minuciosa fosse capaz de identificar o desconforto psicológico e a resistência, traduzida por dois aspectos básicos: primeiramente, FOI O CRIADOR, QUE ENGENDROU A CRIATURA e a acompanhou desde o seu nascimento até a maturidade. A seguir, a TRADIÇÃO. Assassinar a criatura, jamais. Se tivesse que haver a extinção, que se desse uma chance, como foi dada a família do Noé na época do dilúvio ou a de  Ló na destruição de Sodoma e Gomorra, salvando sua família, ambos responsáveis por continuar uma humanidade depurada.

            Mas, voltemos à REUNIÃO DE 01/06/2017, COM O SECRETÁRIO DE CULTURA, JOSÉ ROBERTO SANTOS NEVES, momento da estocada final, quando o cutelo desse involuntário sacerdote, imolou a vítima, o CTC, e espargiu seu sangue sobre o altar, o próprio criador e fundador da vítima que então agonizava, o Sr. Clério José Borges. Eu o ministro, que presenciava e testemunhava esse holocausto, cuja função era de escriba, encarregado de transmitir à posteridade, esse documento final. Mas, detalhemos essa cerimônia do sacrifício.

            Após a entrega do Ofício, convidando o Secretário a viajar conosco ao Rio de Janeiro e nesse evento, falasse sobre o andamento das Atividades Culturais do Espírito Santo e providências em curso, fizemos uma breve reunião, onde o presidente Clério Borges abordou as nossas dificuldades financeiras, de como realizávamos eventos às nossas próprias custas e contribuições dos verdadeiros “Mecenas da Cultura”, que aceitavam contribuir com valores monetários e receberem em reconhecimento, diplomas, medalhas e outros troféus. Pleiteou ajuda e pediu orientação de como proceder para conseguir.

Na resposta dada, o exato momento em que o cutelo imolou a vítima, cuja dor foi sentida pelo seu Representante Mor, o próprio presidente Clério José Borges. A estocada foi essa: “UM CLUBE É DIFÍCIL DE OBTER RECURSOS. POR QUE NÃO COLOCAM O NOME DE ACADEMIA? Um clube soa como agremiação esportiva. Tem um peso político inferior a de uma academia. É mais difícil de justificar como entidade cultural”. Essa argumentação, não é muito consistente, afinal, existem academias de Ginástica, científicas, esportivas e de outras modalidade. Mas, era a visão experiente de um secretário e da necessidade de parecer ser, além de propriamente ser.

            Eu presenciei o holocausto e percebi a dor que a estocada acarretara. Foi o momento decisivo.  O meu argumento não havia sido convincente: o que foi, poderia muito bem continuar sendo, sem necessidade de mudanças de nomenclatura, o que era agradável aos trovadores, embora não tivessem a mesma expressividade no cenário cultural capixaba e nacional. Por outro lado, o silêncio, o não fazer caso do que eu disse nas viagens, era mais ou menos como a negação do sacrilégio de ter conversado sobre o assunto, logo no ponto nevrálgico da questão: abolir a tradição, com a fatídica troca de nomes. Mas, até então, ainda não havia percebido a magnitude desse ato sacrílego, pois esse termo ainda não fora proferido explicitamente. Mas, ainda estaria por vir.

Mas, o argumento do secretário, foi enfático, demolidor e irrefutável: OBTENÇÃO DE RECURSOS, condicionado à mudança de nome, se quisesse se manter e crescer.

Mas, a história não termina aí, pois, nesse ponto, começa a terceira parte dessa pré-história da ACLAPTCTC E A ORÍGEM DO NOVO NOME. Nessa agonia dos quase cinco meses restantes, ou seja, até a data da reunião de fundação em 18/11/2017, o presidente Clério José Borges se comportou de modo análogo ao grande Teólogo Thomás de Aquino, quando adequou as teorias Aristotélicas às Cristãs, possibilitando o seu ensino nas 50 universidades católicas criadas na Europa, para aculturar o povo, privado até então do conhecimento, que ficara confinado aos mosteiros, desde a queda do império Romano Ocidental. Essa afirmação deixa de ser um paradoxo quando se lê a minuta do documento que seria levado a apreciação dos associados na reunião de fundação e posteriormente ao registro civil no cartório competente. Examinemos:

“ Cumpre  informar  que  por  decisão  de  Diretoria  em  Reunião  realizada  no

último  sábado,  dia  18  de  Novembro  de  2017,  o  CTC  Clube  dos  Trovadores

Capixabas  foi  elevado  ao  “status”  de  Academia  de  Letras  e  Artes,  com  o  título

de  Academia  de  Letras  e  Artes  de  Poetas  Trovadores,  de  sigla  ALAPTCTC.”

 

“...a história do CTC continuará com a nova entidade já que não houve a extinção do Clube, mas sim uma promoção à condição de Academia de Letras  e  Artes,...”

 

“...o  Clube  dos  Trovadores Capixabas não morreu, apenas galgou o Status de Academia de Letras  E Artes,...”

 

Referência: Academias/ACLAPTCTC/FundacãodaAcademiaTrovadores.pdf 

 

Ou seja, o trabalho de adequação executado pelo Presidente Clério José Borges de Sant’Anna, ao redigir o novo documento explicita a herança ideológica e o propósito de continuar com o mesmo trabalho, o que está escrito na Ata da Reunião de fundação, conforme se lê a seguir:

“...A Associação é historicamente uma nova entidade  cultural  surgida,  como  legado,  ou  seja  herança  histórica  cultural  do  antigo Clube  dos  Trovadores  Capixabas,  CTC,  fundado  em  Vila  Velha,  ES,  a  1º  de  Julho  de 1980, pelo escritor Capixaba Clério José Borges de Sant Anna...”

 

Referência: Referência: Academias/ACLAPTCTC/ATA DE FUNDACAO DA ACADEMIA ACLAPTCTC.pdf

 

Contudo, e apesar da complexidade da ideia, verifica-se no texto acima que não é uma espécie de “simbiose”, ou um “produto híbrido” de duas entidades diferentes. É legalmente, uma nova entidade, fundamentada nos mesmos princípios da outra. 

Agora, depois dessas observações oficialmente redigidas e principalmente depois do único voto contra a mudança, da nobre Confreira Magnólia Pedrina Silvestre, finalmente fui entender  a enorme resistência inicial do presidente, até a última instância e o seu desconforto ao falar no assunto e compreendo a magnitude do seu trabalho de adequação e entrelaçamento, explicitando a continuidade da obra.

No momento em que foi colocado em votação e a confreira Magnólia, votou contra, sem titubear, eu pude perceber os laços afetivos que união cada associado ao Clube dos trovadores Capixabas e quão pesarosa foi a aceitação de outro nome, mesmo sob os propósitos do trabalho continuar sendo o mesmo e com a mesma qualidade e fidelidade aos princípios. Eu não compreendia  por que tinha entrado no CTC há três anos, na época e ainda não possuía as raízes tão profundas e intrincadas como os membros fundadores. Afinal, era uma história de 38 anos. Confiram a seguir:

           

“A  proposta  apresentada  pelo  Presidente  do  CTC,  Clério  José  Borges  foi

apoiada  por  todos  os  presentes  a  exceção  da  associada  Magnólia  Pedrina

Sylvestre,  que  se  manifestou  contra  em  face  aos  38  anos  de  história  do  CTC

fundado  a  1º  de  Julho  de  1980  e  líder  na  realização  de  eventos  culturais  de

Seminários  e  Congressos  de  Poetas  Trovadores  no  Estado  do  Espírito  Santo.

Infelizmente foi voto vencido,...”

 

Referência: Academias/ACLAPTCTC/FundacãodaAcademiaTrovadores.pdf 

 

            Eu, Roberto Vasco, acadêmico cadeira 3, patrono São Francisco de Assis, o mesmo do CTC, atual Secretário Geral, com a missão de “escriba”, atribuída pelo destino, redijo A PRESENTE PRÉ-HISTÓRIA, que ofereço aos nobres confrades e à posteridade.

Outrossim informo que elaborei um dossiê sobre a ACLAPTCTC e sobre o CTC, em forma de pastas, onde os principais arquivos atinentes a história e a fundação das duas entidades estão alocadas e disponíveis para serem transmitidas aos possíveis interessados, em mídia ou impressos, a qualquer tempo. Observo que a história total, no que transcende a fundação, ainda não está completa e ao longo do tempo muitos dados precisam ser recuperados, ordenados e gravados e outros mais antigos, pesquisados, junto aos confrades e confreiras detentores de muitas informações, pois, só as possuo a partir de 2015, a exceção de alguns poucos depoimentos já tomados e livros consultados. As cartas de intenções pós congressos, redigidos no último dia de cada um, em cada cidade, tenho, a partir de 2016, mas ainda precisam ser separadas e colocadas nesse dossiê. Algumas, preciosidades, com seus respectivos manuscritos redigidos a próprio punho pelos presidentes das comissões eleitas para esse efeito, alguns já falecidos. Temos também, ainda fora do dossiê, as fichas dos primeiros fundadores do CTC, sem falar em algumas fotos. Também são notórias as observações sobre fichas de inscrição de antigos acadêmicos, que se ainda vivessem hoje estariam com 116, 114, 112 anos, etc.

            Gostaria de propor, a título de exercício acadêmico, que relatem com suas palavras, as participações em seminários e congressos antigos, lembrando da preciosidade de seus depoimentos, como testemunhas oculares e partícipes da história. Façam, não importa se ficarão duplicadas. Filtraremos depois. O importante é cada um relatar sua própria história, dar seu precioso depoimento. Em última análise: NÓS SOMOS A HISTÓRIA.


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